Em meio a tantas incertezas, queremos compartilhar uma boa notícia:
A Aldeia Multiétnica foi aprovada no Edital de Dinamização de Espaços Culturais do FAC (Fundo de Arte de Cultura de Goiás), com o projeto “Aldeia Multiétnica: espaço de exposições permanente”. Estamos criando em nosso espaço um circuito de visitação voltado às artes e culturas indígenas e remanescentes quilombolas, com destaque à comunidade do Sítio Histórico Kalunga, que tem um papel importante na construção, concepção e realização da Aldeia.
O projeto tem o objetivo de estabelecer um espaço educativo para a pluralidade étnica, ampliando, assim, o trabalho de sensibilização e mobilização para além de nosso encontro anual, que acontece em todo mês de julho.
É importante você saber: a Aldeia Multiétnica é um território na Chapada dos Veadeiros criado por colaboradores indígenas e não indígenas, que estão sempre em diálogo. Todas as nossas ações são coletivas.
Nesta primeira etapa do projeto de dinamização de nosso espaço, que apresentamos no post anterior, estamos trabalhando na concepção e montagem de exposições em duas de nossas casas tradicionais: a Casa Xinguana e a Casa Kalunga.
Ao longo de 13 anos de Aldeia Multiétnica, produzimos um extenso acervo com fotos, vídeos e textos. Há alguns meses, nosso foco está no processo de organização desse conteúdo e de novas pesquisas. O circuito de visitação vai contar com mapas, fotografias, objetos de arte e de uso pessoal, cotidiano e ritualístico, além de outros recursos expositivos.
PRIMEIRA ETAPA
A primeira etapa de nosso projeto de dinamização envolve a Casa Xinguana e a Casa Kalunga.
A Unë (casa tradicional dos povos do Alto Xingu) da Aldeia Multiétnica é uma reprodução fiel das casas dos caciques do Parque Indígena do Xingu (MT). Sua construção misturou técnicas dos povos indígenas do Alto Xingu e da comunidade remanescente quilombola do Sítio Histórico Kalunga. Foi a primeira casa construída na Aldeia Multiétnica, por Anuiá Amarü e sua família, em 2017.
A estrutura da casa xinguana é comparada ao corpo humano pelos indígenas. Ela tem pernas (esteios centrais), peito (fachada superior), nádegas (laterais) e cabeça (cumeeira). Para o revestimento com palha, foi adotada uma técnica tradicional Kalunga. Eles foram responsáveis pela colheita e trançado da palha de pindoba, espécie de palmeira típica da região da Chapada dos Veadeiros, e pela cobertura da casa.
Interior da Casa Xinguana da Aldeia Multiétnica. Foto: Diego Baravelli
Sobre a Casa Kalunga, no princípio, as moradias tradicionais das comunidades quilombolas brasileiras eram ranchos de parede com teto de palha, que podiam ser facilmente construídos e abandonados, dependendo de uma menor quantidade de recursos e mão-de-obra.⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Conforme essas populações iam se estabelecendo e sentindo-se seguras para permanecerem em um mesmo lugar, as casas passavam a ser construídas com paredes de madeira ou de pau-a-pique. Acompanhada sempre do telhado de palha - aqui na Chapada dos Veadeiros, a palha de pindoba, uma palmeira típica.⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Localizado no norte goiano, o Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga é o maior território remanescente quilombola do Brasil. Possui 272 mil hectares e compreende os municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre. Nele vivem mais de 2 mil famílias, uma população de quase 8 mil pessoas, organizadas em mais de 20 comunidades e 42 localidades.
Casa Kalunga na Aldeia Multiétnica. Foto: Júlio César Abreu
Em breve, em qualquer época do ano, poderemos recebê-los aqui na Chapada dos Veadeiros. Enquanto isso, acompanhe por aqui e em nossas redes sociais todo o processo de construção e materialização de uma nova ideia.
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