Não imaginava o quanto Nhakaykep Paiakan poderia compartilhar quando puxei um papo sobre a importância do artesanato para a economia feminina e também como veste das mulheres Kayapó/Mebengôkré. Falamos também sobre grafismo, algo muito forte e lindo desse povo, e por coincidência eu estava com uma pintura facial que ela gosta muito por ter sido usada pelo avô num momento histórico. E isso tem a ver com seu sonho de vida.
"Meu sonho é um sonho só e tem a ver com meu avô. É poder continuar com o que ele queria. Ele me tirou da aldeia com 6 anos de idade, assim como fez com minha mãe e minhas tias".
Nhakaykep Paiakan é neta de Paulinho Paiakan, Bepkororoti, cacique Kayapó que liderou protestos contra Belo Monte. Ele faleceu em 2020 por causa do Covid.
- Mas por que ele tirou vocês da aldeia?
- Porque ele queria que a gente estudasse. Minha mãe e minhas tias foram as primeiras a se formar em uma universidade. Minha mãe é assistente social, minha tia fez direito, outra biomedicina e outra é técnica em enfermagem.
- E o que você pensa em cursar?
- Engenharia Florestal. Vou fazer vestibular para a UNB.
E qual a importância disso tudo para a aldeia?
- um exemplo: há poucas semanas nós fizemos o primeiro encontro das mulheres Kayapó. Quem organizou foram minhas tias e minha mãe pelos conhecimentos que elas tem. E elas queriam fazer isso há muito tempo. Eu era uma das poucas jovens que estava lá e vi que todas as mulheres estavam animadas com isso. Elas querem isso.
Na foto Nhakaykep usa o cocar que era do seu avô.