Thulnifowa ou Leonildo Marques é um indígena Fulni-ô de Águas Belas em Pernambuco. Etnia sempre presente na Aldeia Multiétnica.
A região de Águas Belas possui milhares de indígenas descendentes dos primeiros povos contatados no Brasil, e quase todos já perderam a língua raiz. O povo Fulni-ô resiste, mantendo firme a cultura, o resgate da língua mãe preservando um ritual específico, o Ouricurí, que consiste em um isolamento total por três meses numa mata, realizando rituais de afirmação da cultura.
Thulnifowá não foi alfabetizado, mas possui a sabedoria dos avós e pais. Desde os 14 anos de idade tem visões e premonições. Não importa o local nem o horário, a visão vem no momento certo, quando ele menos espera.
Guarda como um momento marcante quando sentiu a "passagem" de um liderança da aldeia. É respeitado entre seu povo pelas visões e a arte de trabalhar as plantas medicinais.
Há 26 anos ele exerce a espiritualidade e tem como guia o mestre Towê, do qual é um fiel aliado e aprendiz. Considera importante esse trabalho, porque a partir do que vê pode auxiliar com tratamento espiritual, acompanhando a pessoa para que reverta ou melhore a situação prevista.
Ele relembra que antes do início da pandemia, sonhou que morriam 3 pessoas de sua aldeia, mas pensava que a doença seria só entre seu povo. Depois entendeu que a COVID seria de forma geral.
Após a morte dos seus parentes ele passou a meditar e ter visões. Em sonhos um ancião lhe veio e fez um pedido: "para cada pessoa vítima dessa pandemia, plante uma árvore¨.
Segundo a visão, essas árvores significarão a renascença e serão usadas para a cura de outras pandemias.
Fumando a Xanduca fica pensativo e depois diz:
"Durante o tempo de pandemia eu fiquei em silêncio, em contato com a natureza, buscando forças do Grande Espírito pra fortalecer nossos irmãos e pessoas que deixou nóis, que fez a passagem tão rápido através desse vírus. Eu fiquei pedindo ao Grande Espírito e aos seres da natureza pra que essas pessoa que retornem em forma de uma planta que cura pra curar outras que ficaram. Eu sou Thuinifowá (filho das raízes), lido com as medicinas sagradas que o Grande Espírito nos deixou e a Mãe Terra, escutando sempre as vozes do vento, o som da água e todas as vozes pedindo o bem de todos nossos irmãos e assim estou sempre em conexão com os seres da natureza. Durante a noite eu tô sempre conectado om minha xanduca pedindo o bem da humanidade. As forças da medicina que vai curar as pessoas, botar nesse caminho, que ela escute mais a mãe terra.
A mãe terra sempre fala com a gente...
No espaço da Aldeia Multiénica Tulnifowá se sente bem e considera ser o local de recarregar o espírito. O seu e o dos outros.